Rota do Sonho
Trata-se de triangulações geométricas traçadas em escala sobre dezesseis localidades do mapa da América do Sul, fazendo a ligação entre elas. Locais que se sincronizam através de um conjunto de signos históricos, culturais e místicos, a exemplo do sonho de Dom Bosco, dos tetraedros e do pentagrama.
Título: Rota do Sonho - Ano: 2007.
O processo
A experiência do artista visual Daniel Pellegrim como Secretário de Cultura e Turismo do município de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, impeliu-o a criar a Rota do Sonho que só se tornou inteligível depois de inventada.
A visão, o insight, os desenhos e desdobramentos da Rota aconteceram frente a vivências onde o artista passou a conhecer o que fez, assim reconhecendo o que era: uma invenção.
Plano Piloto de Brasília e o Condor (geóglifo) da Planície de Nazca. Ambos no Paralelo S15.
Os sinais foram aparecendo, o primeiro deles foi o sonho de Dom Bosco (santo italiano, nascido em 1815 e fundador da Ordem dos Salesianos) que em 30 de agosto de 1883, teve um de seus famosos sonhos, o qual revelava que “...entre os paralelos de 15º e 20º havia uma depressão bastante larga e comprida, partindo de um ponto onde se formava um lago. Então, repetidamente, uma voz assim falou: "quando vierem escavar as minas ocultas, no meio destas montanhas, surgirá aqui à terra prometida, vertendo leite e mel; Será uma riqueza inconcebível" (tradução Monteiro Lobato). Antes de Dom Bosco, os geóglifos da civilização Nazca (Colibri, Condor, S15), os mistérios do Lago Titicaca (ambos no Paralelo S15), a busca por um "Novo Mundo", empreendida por Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral (Aportou em Porto Seguro, Paralelo 15 em 1500) e outros expedicinários e missionários bandeirantes que foram até o extremo da linha S15 no Brasil, Vila Bela de Santissima Trindade (Serra Ricardo Franco, Paraleo 15), também expedicionários e missionários como os Padres Jesuítas, Luís D'Alincourt, Hercule Florence, entre outros e além deste sonho de Dom Bosco, a expedição do Coronel Percy Harrison Fawcett (Serra do Roncador, Paralelo 15) o “sonho verde” defendido por Lúcio Costa no plano diretor para o Turismo de Chapada dos Guimarães de 1978 assim como o “vôo” proposto em 1952 pelas asas de Brasília (Paralelo 15), a criativa e lúdica vida de Cora Coralina, os artistas da Carta do Coração da América que confirmam o encantamento do homem diante da arquitetura natural e da exuberância das paisagens dessas regiões, deram as pistas de como seria traçada a Rota do Sonho. Tudo isso reforçava aspectos místicos, ecológicos e culturais da região central da América do Sul.
Notas - expedições e caminhos históricos:
01 - Costa, Lúcio. Chapada dos Guimarães: 30 Anos do Plano Diretor para o Turismo. Cuiabá: Casa de Guimarães, 2008),
02 - Sonho de Dom Bosco, Vol. XVI. Memórias Biográficas, p. 385 e seguintes
03 - Florence, Hercule. Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas: 1825 a 1829. Tradução Visconde de Taunay. São Paulo, Cultrix, Edusp, 1977;
04 - Silva Leme, Luiz Gonzaga. Genealogia Paulistana: Volume I Pág. 500 e seguintes Cap. 2.º § 2.º: 1903 a 1905. Antônio Pires de Campos, ainda criança, acompanhou a expedição de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, até a mitológica Serra dos Martírios, provavelmente a Serra do Roncador (Chapada dos Guimarães e Serra Ricadro Franco não são hipóteses descartadas).
05 - Historia general de las Indias, parte 1.ª, capítulo XXXII.
06 - Vitor Manuel Adrião, História Secreta do Brasil – Flos Sanctorum Brasiliae. Madras Editora Ltda., São Paulo, 2004.
07 - Vitor Manuel Adrião, As Forças Secretas da Civilização (Portugal, Mitos e Deuses), capítulo “O misterioso Cristóvão Colombo”, Madras Editora Ltda., São Paulo, 2003.
08 - Simon Wiesenthal, A Missão Secreta de Cristóvão Colombo. Editorial Futura, Lisboa, 1974.
09 - Vangelista, Chiara. Las relaciones hispano-portuguesas en el norte de Mato Grosso, siglos XVIII e XIX. IN Jordán, Pilar García. Las raíces de la memoria: Amèrica Llatina, ahir i avui, Cinquena Trobada, Debat. Edicions Universitat Barcelona, 1996. pp. 416-418
10 - Ortiz, Victor Hugo Limpias. Misiones de Moxos: Arquitetura religiosa, residencial e industrial. La construción de un urbanismo productivo en el corazón sudamericano. IN Marzal, Manuel María & Tua, Sandra Negro (2005). Esclavitud, economía y evangelización: las haciendas jesuitas en la América virreinal. Fondo Editorial Pontifícia Universidad Católica del Perú, 2005. pp. 520-524
11 - Hatfield, María Fabiola Rodríguez. Misiones Jesuitas de Chiquitos: La utopia del reino de Dios en la terra. Universitat Politècnica de Catalunya, 2007.
12 - D'allincorurt, Luiz. Memórias do Porto de Santos à Cidade de Cuiabá - Editora da Universidade de SP/ Editora Itatiaia Ltda. 1975- Belo Horizonte - MG.
13 - Ferreira Mendes, Francisco Alexandre. Lendas e tradiçoes Cuiabanas. Serra de São Jerônimo (Canastra). Edição Fundação Culural de Mato Grosso, Cuiabá - 1977.
14 - Dias Pino, Wladimir/ Lucas do Amaral, Viviene/ Queroz de Medeiros, Heitor. Chapada dos Guimarães. Gráfica da UFMT. Cuiabá. 1992.
15 - Movimento Nacional de Artistas Pela Natureza. Carta do Coração da América. Diário de Cuiabá/Gazeta e outros. Cuiabá. 1988.
16 - Mattos Jr, Jorge Belfort. Teoria Mística de Chapada dos Guimarães.http://www.chapadadosguimaraes.com.br/teoria.htm. Sem Data.
Traçado feito sobre o mapa da América do Sul, levado-se em consideração os paralelos S15 e S20
O sonho de Dom Bosco permitiu e permite várias interpretações e há quem diga que esse lugar com o qual Dom Bosco sonhou é a Chapada dos Guimarães... O fato é que esse sonho poderia estar vislumbrando não apenas um, mas alguns locais entre os paralelos S15 e S20 que, por suas riquezas, sejam naturais, culturais ou esotéricas se encaixam nas descrições oníricas do santo católico.
Vista aérea da Casa do Sonho em Chapada dos Guimarães; Plano Piloto de Brasília e Olho da Providência. Símbolos ligados ao vôo.
Uma das maiores curiosidades do sonho do salesiano foi a marcação das coordenadas geográficas (do parelo S15 ao S20). A linha do Equador divide o planeta em hemisfério sul e norte. O paralelo S15 é uma linha paralela à do Equador que corta o continente sul-americano do Atlântico ao Pacífico em sua região central. Em seu caminho cruza com cidades cujo patrimônio ambiental e cultural é de grande valor para a humanidade. Dentre esses patrimônios, citamos, por exemplo: Brasília, Pirenópolis, Goiás Velho, Serra do Roncador, Cuiabá e Chapada dos Guimarães, Curvelândia, Reserva do Cabaçal, Vila Bela de Santíssima Trindade, Lago Titicaca e Planície de Nazca, etc.
Rota do Sonho.
Neste contexto, surge outro conceito, o de meridiano, que é a linha imaginária que resulta de um corte efetuado em um modelo geométrico da terra por um plano que contém o seu centro. O meridiano contém os pólos e é perpendicular aos paralelos e à linha do Equador. O cruzamento das linhas define a localização de determinado local na Terra, marcando a longitude e a latitude. Constata-se que no cruzamento do Meridiano W55 com o Paralelo S15, centro da América, reune-se uma grande quantidade de atrativos ambientais e culturais, nascendo assim a sub-rota W55, que o artista usou como conceito para implantação de uma política de desenvolvimento do turismo no Pólo Cerrado mato-grossense (Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Nobres e Jaciara). Rota W55 - O Paraíso no Coração da América do Sul.
Os três tetraedros do Paralelo S15.
Com base no levantamento dos atrativos mais visitados do cruzamento do Meridiano W55 com o Paralelo S15, foi priorizanda quatro regiões com grande quantidade de atrativos, assim foi desenhado o primeiro tetraedro depois foi usado a mesma lógica para as outras regiões e apareceram os outros dois tetraedros do Paralelo S15.
Vindo do Atlântico para o Pacífico, o primeiro tetraedro, trata-se de Brasília (terra), Goiás Velho (fogo), Chapada dos Veadeiros (ar) e Pirenópolis (Água) - W49 com S15 -Rota W49.
Em Mato Grosso, no Coração da América, o tetraedro é feito com Cuiabá (fogo), Nobres (água), Jaciara (terra) e Chapada dos Guimarães (Ar) - W55 com S15 - Rota W55.
Na outra ponta da linha paralela S15, a geometrização é feita pelo Lago Titicaca -Puno (água), Planície de Nazca - Arequipa (terra), Machu Pichu (ar) e Cuzco (Fogo) - W70 com S15 - Rota W70.
Platão considerava o tetraedro a partícula elementar da matéria e a substância mais dura de todas, que é o diamante, apresentando moléculas formadas por quatro átomos de carbono dispostos no vértice de um tetraedro.
A que reflexão isto pode levar? Nascimento, crescimento, morte. Princípio, meio e fim. Vida, morte, fluxos...
Morro do Japão em Chapada dos Guimarães - Carl Jung descreveu "sincronicidade" como coincidências significantes.
Pellegrim pecebeu que características dessas regiões as ligavam a elementos da natureza. Essa ligação levou o artista a pesquisar o pentagrama e suas cores. "Tínhamos a região de "terra" que se traduz em Brasília (poder, monumentos, etc) e seu entorno; a região de "fogo", Cuiabá (centro, luz, calor) e entorno; a região de "ar", Cuzco (alta, montanhosa, rarefeita) e entorno; faltava a região de "água", relata Pellegrim. A resposta foi encontrada novamente no sonho de Dom Bosco... "do parelelo S15 ao S20". A pergunta foi: Que região ao sul do paralelo S15 é mística e com características de "água"? A resposta parecia óbvia, o Sul de Minas Gerais... São Thomé das Letras, Varginha, São Lourenço e Poços de Caldas.
Teatraedo do Sul de Minas: São Thomé das Letras (Ar); Varginha (Terra); São Lourenço (Fogo) e Poços de Caldas (Água) - Rota S20
As cores de cada elemento fizeram compor mais quatro obras que os representassem. E este caminho, levou ao quinto elemento, o "éter", o prisma formado pelos outros quatro prismas.
Os cinco elementos da Rota do Sonho: Terra, Água, Fogo, Ar e Éter.
Dentro de um há outros. A intenção é ligar, religar, integrar. Reinvenção, auto-conhecimento. Religar-se consigo mesmo, com o outro e com o meio. Segundo o artista, esta Rota não é própria para ser feita a pé, como várias, mas para ser feita da forma que a imaginação, a criatividade, as limitações e potencialidades da pessoa permitirem.
Acima de tudo, a Rota é processo, por isso está em constante mudança, atualização, também está se desdobrando em vários ícones.
O principal motivo é a incorporação do que há nela e os desdobramentos que resultam disso.
O encanto do Sul de Minas (S20), com seus poços de ÁGUA.
A Magia do Sul do Peru (W70), região alta, montanhosa onde aprendemos a dar valor ao AR.
A luminosidade da região central da américa (W55), os horizontes e o calor de FOGO.
O ecumenismo de Brasília (W47), região monumental, onde o poder é exercido e valorizado pela TERRA.
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